Focando a atenção sobre o conceito e a mensuração do tempo, a
primeira consideração a ser feita é a de que a medida do tempo passa a
ser específica ao observador, e deve ser realizada sempre no mesmo ponto
especificado do espaço - onde o relógio mostre-se justaposto ao evento -
a fim de que a este se possa associar corretamente a sequência de
eventos conforme ocorrem de facto.
Como mera demonstração da situação, considere para tais dois relógios
idênticos e perfeitamente sincronizados, ambos situados sobre a origem
de um sistema inercial de coordenadas. Enquanto permanecem juntos, estes
apresentam sempre a mesma indicação. Envia-se um destes relógios, de
forma muito lenta, a uma distância considerável da origem, e com este lá
situado, o observador na origem compara as leituras que obtém ao olhar
para o relógio distante e para o que permanece em seu pulso. O simples
fato dos relógios estarem situados em posições diferentes já implica a
não coincidência das leituras observadas nos dois relógios visto que a
informação associada à indicação do relógio distante não se propaga de
forma instantânea até a origem. Imagine agora um evento acontecendo
junto ao relógio distante exatamente quando aquele indicava 12:00H. Se
pedirmos para o observador na origem determinar o instante do evento,
este deve proceder da seguinte forma: ao visualizar a ocorrência do
evento, este olha o relógio junto ao evento, e anota a leitura que nele
observa. Este valor certamente será diferente do registrado via relógio
que possui em seu pulso. Embora a forma correta de sincronizarem-se os
relógios seja, como ver-se-á, mais elaborada do que a acima descrita,
essencialmente, eventos que são taxados com ocorrendo para o mesmo valor
de tempo t no referencial do observador não são contudo necessariamente
visualizados simultaneamente por esse observador, situado na origem do
sistema de coordenadas.