Will Durant relata que a Idade Média viveu sob uma ética cristã que pregava ter nascido o homem do pecado (em 1150 Graciano dissera em seu Decretum - aceito não-oficialmente pela Igreja, que "Todo
ser humano que for concebido pelo coito do homem com a mulher nascerá
com o pecado original, ficará sujeito a impiedade e morte e será,
portanto, um filho do ódio.").
Durant lembra que neste período os casamentos se davam muito cedo, e
por motivos patrimoniais; cita o caso de Graça de Soleby, que casou-se
aos quatro anos com um nobre que, falecendo, permitiu-lhe novo casamento
aos seis anos e novamente aos onze - uniões estas que poderiam ser
anuladas pois a idade núbil era de doze anos para a menina e de catorze
para os rapazes.
Até a Igreja tornar o casamento um sacramento,
bastavam os votos dos noivos; o adultério era frequente entre nobres
que, tendo seduzido uma serva sem o consentimento desta, estaria livre
do erro após pagamento de pequena multa; Thomas Wright chegou a dizer que "a sociedade medieval era profundamente imoral e licenciosa."
A despeito disto tudo, a visão católica da mulher prevalecia, tal como preconizara Crisóstomo: "um
mal necessário, tentação natural, calamidade desejável, perigo
doméstico, fascinação mortal, o próprio mal que se apresenta disfarçado." e Tomás de Aquino dava-lhe uma posição inferior à de um escravo: "A sujeição da mulher está de acordo com a lei da natureza, o que já não se dá com o escravo" - pois o homem, não a mulher, havia sido feito à imagem e semelhança de Deus.