Até ao século XIII a Igreja não condenava severamente esse tipo de crendice. Mas nos século XIV e XV,
o conceito de práticas mágicas, heresias e bruxarias se confundiam no
julgo popular graças à ignorância. Eram, em geral, mulheres as acusadas.
Hereges, cátaros e templários foram violentamente condenados pela Inquisição,
tomando a vez aos judeus e muçulmanos, que eram os principais alvos da
primeira inquisição (século XIII). Curiosamente, foi exatamente a partir
da primeira inquisição que a iconografia cristã passou a representar o
"Arcanjo Decaído" não mais como um arcanjo, mas com a aparência de
deuses pagãos, como Pã e Cernunnos. Tal fato levou, séculos após, à
suposição de que bruxas eram adoradoras do demônio, o que não faz
sentido, uma vez que a figura do demônio faz parte do dogma cristão, não
pertencendo às crenças pagãs e nem existindo personagem de caráter
equivalente ao diabo em qualquer panteão pagão. O uso alternativo do
nome Lúcifer para designar o mal encarnado, na visão cristã, agravou a
ignorância a respeito do culta das bruxas, uma vez que o nome Lúcifer,
pela raiz latina, representa portador/fabricante da luz (Lux Ferre),
inescapável semelhança ao mito grego de Prometeu, que roubou o fogo dos
céus para trazê-lo aos homens.